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JUL
27
 
 ISABEL STILWELL, UMA DAS ESCRITORAS QUE FOI A ESCOLAS INGLESAS - MUNDO PORTUGUÊS
PROJETOS EM LÍNGUA PORTUGUESA NO REINO UNIDO TÊM MOBILIZADO PROFESSORES ALUNOS E PAIS

São um apoio na difusão da Língua Portuguesa e “têm conseguido uma grande mobilização dos professores e dos pais”, assegura Regina Duarte, coordenadora do EPE no Reino Unido

Haverá novidades no ensino da Língua Portuguesa no Reino Unido no próximo ano letivo.
Uma delas diz respeito ao aumento da rede: foram criadas parcerias com mais duas escolas, que irão oferecer o ensino do Português. Uma oferta que só não é maior porque “os horários dos professores já não comportam mais aulas” e, em muitos casos, as escolas “já não comportam mais alunos”, como explicou a coordenadora do Ensino Português no Reino Unido.
E há projetos e atividade já dinamizados que irão regressar no próximo ano letivo. Apresentam-se como um contributo para o trabalho de difusão da Língua Portuguesa e “têm conseguido uma grande mobilização dos professores e dos pais”, destacou Regina Duarte.
Incentivar a leitura junto dos alunos e dos pais
Atividades como as desenvolvidas no âmbito do Plano de Incentivo à Leitura e que já obtiveram resultados, com alunos e encarregados de educação criaram ou aumentaram os hábitos de leitura.
“E há uma maior circulação de livros portugueses, o que tem sempre efeitos na vida fora da escola”, revela Regina Duarte, defendendo que os alunos que têm uma boa experiência de leitura em português “vão querer ler mais livros de autores portugueses no futuro”.
O Plano de Incentivo à Leitura motivou ainda professores de três escolas a criarem bibliotecas de turma com a colaboração dos pais e da comunidade.
Para além da biblioteca de livros entregue pelo Camões I.P., os encarregados de educação ofererem livros que têm em casa e que são “lidos rapidamente por todos”.
Para além de participarem em sessões especiais de leitura para as crianças e também na organização de dias de leitura no parque, “em que os pais leem, ouvem ler, e colaboram na organização do lanche das crianças”, conta a coordenadora.
Em sala de aula ou alunos têm ainda recebido a visita de vários escritores lusófonos.
Regina Duarte considera que essas visitas são “um momento especial”, já que os alunos percebem que estão em frente ao autor ou autora do livro que leram e com quem vão conversar acerca dessa mesma obra e a quem podem fazer perguntas e satisfazer a sua curiosidade.
Nos anos letivos recentes, os alunos de várias escolas puderam interagir com escritores como Ana Luísa Amaral, Ana Saldanha, Gabriela Trindade, Isabel Mateus, Isabel Stilwell e Rui Zink, entre outros.
São momentos de que os alunos se vão lembrar sempre e que os ajudam a pensar na sua relação com a escrita e com a leitura de forma diferente”, sublinha.

Declamar e aprender ciência em português
Outro momento que convida à presença dos encarregados e educação e das comunidades lusófonas no Reino Unido é o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP, que se celebra anualmente a 5 de maio. Este ano, os alunos selecionaram poemas de língua portuguesa, com o apoio dos docentes, e prepararam a sua declamação.” No dia, foram ao palco declamar os poemas escolhidos.
Na assistência estavam os professores e as famílias, que receberam, todos, uma antologia com os poemas lidos, para poderem acompanhar a sessão e para levarem para casa um livro de poesia”, recorda a coordenadora.
Regina Duarte sublinha que para os alunos aquela foi a primeira vez em que subiram a um palco e ‘atuaram’ em português. Apesar desta ser uma experiência que muitos já vivenciaram nas escolas, tal foi sempre feito na língua de escolarização do país - o inglês. “O facto de participarem numa celebração típica de um contexto escolar inglês, mas em que tudo acontece em português, e em que conhecem novos poemas e músicas em português, faz com que se sintam numa escola portuguesa”, alegra-se, acrescentando que este não é apenas “um saudável convívio entre famílias de diferentes partes do país”.
Porque, nequele dia, saem todos do evento um pouco mais ‘ricos’ por ficarem a conhecer “cada mais e melhor” culturas partilhadas pelos povos lusófonos numa língua comum a todos. “Sentimos que não é só cada um de nós a falar português na sua escola ou em sua casa, mas que afinal somos muitos”, vinca.
Este ano, entre as inúmeras atividades dedicadas àquele dia, houve a participação da Luso-Academy, cujos alunos tocaram e cantaram quatro músicas, à semelhança do que tem acontecido nos últimos três anos. Uma presença que é fruto das parcerias que a Coordenação tem desenvolvido com várias associações.
É o caso da Native Scienciste, que iniciou a sua atividade em Londres com os alunos do EPE (Ensino Português no Estrangeiro) naquela cidade.
Em 2016, foram mais de 500 os alunos que participaram em sessões de ciência em português, que os desafiaram a pensarem num futuro profissional diferente e os deixaram “genuinamente surpreendidos” por conhecerem portugueses em profissões desafiantes ligadas à ciência e à investigação.
As parcerias alargam-se ainda a outros institutos de línguas com representação em Londres para diversas atividades, como a Eurotoolbox, uma coleção anual itinerante de livros de vários países europeus que são emprestados a bibliotecas do Reino Unido, para divulgar a literatura infantil e juvenil de cada país participante, revela ainda Regina Duarte.

Escrever por gosto, ‘filmar’ um livro...
Para além do PIL, há outros projetos dinamizados em sala de aula, mas que se estendem para além daqueles espaços escolares.
São os casos do Concurso Vídeolivro e do Bloco de Escrita. Este último foi criado para incentivar os alunos a escreverem mais, “em formatos diferentes e mais apelativos do que os habituais textos muito formais”.
Uma forma de estabelecerem uma relação mais próxima e ‘atrativa’ com a escrita. Como resultado, coordenadora e docentes descobriram que os alunos começaram a usar o Bloco de Escrita também fora da aula “e a escrever textos que não tinham sido solicitados, por terem percebido que a escrita pode ter este caráter exploratório que os desafia”.
No caso do Concurso Vídeolivro, os alunos são convidados a criar um vídeo de quatro minutos sobre um livro em português que tenham lido. Uma tarefa que podem fazer sozinhos ou com a ajuda da família, dependendo da idade dos alunos.
Organizado pela Coordenação de Ensino e dinamizado por todos os professores do Reino Unido e Ilhas do Canal, este concurso foi criado em 2016.
É fundamental que sejam os alunos a escolher os livros que vão ler, sublinha Regina Duarte e, para tal, podem fazê-lo com o apoio dos professores.
Os vídeos são depois gravados em casa e os estudantes têm liberdade criativa para escolherem o cenário ou os cenários em que querem fazer a apresentação, que pode ser estática ou em movimento, complementa a coordenadora.
“Temos tido um aumento no número de participações, do ensino primário ao ensino superior. Os mais pequenos mostram sempre grande imaginação na forma como apresentam os livros e como preparam o cenário”, revela.
Em cada edição há três premiados, nas categorias Ensino Primário, Ensino Secundário (de acordo com a organização da escola inglesa) e Ensino Superior.
“Os booktubes são cada vez mais e há jovens que gravam centenas deles. Quisemos usar esta ideia para mostrar que ler em português também pode ser igualmente divertido e desafiador”, salienta a coordenadora, sublinhando que ao pedir aos alunos que sejam eles a mostrar a mensagem que querem divulgar, muda a sua atitude perante a leitura e a forma como falam dela, “porque são eles os responsáveis por motivar os seus pares”.
Regina Duarte considera ainda que esta atividade aumenta o interesse dos alunos que gravam os vídeos, mas também dos colegas que os veem.